IMPORTAR-SE COM OS OUTROS, UM DESAFIO PARA O CRISTÃO CONTEMPORÂNEO
“Taxa de abstenção na votação para presidente da república – 51,3%!”
Quando lemos esta notícia, provavelmente, pensamos que é a política e os políticos que desiludem os portugueses. Mas, como explicar a enorme falta de empenho nas associações, por exemplo, de pais ou o que dizer no caso de um organismo regulador com 70 mil membros que tem apenas 100 pessoas nas assembleias gerais? E da acentuada falta de participação em tantas outras formas da vida colectiva?!
A verdade é que vivemos numa era de individualismo e exacerbação do egoísmo que perpassam toda a sociedade, cada um se empenha quase exclusivamente em si e no que é seu e não na causa comum.
A liberdade é tida como o direito do indivíduo fazer as suas escolhas e satisfazer os seus desejos. Quando a olhamos no atual contexto, em que estamos presos ao “deus materialista da modernidade” que medeia todas as relações entre sujeitos e objetos, tal faz com que o homem seja “livre” se possuir a quantia de dinheiro que possa pagar seus desejos. Nessa perspectiva, apesar da liberdade não passar de um conceito para poucos, isso não significa que não seja perseguido pela generalidade das pessoas e não gere concentração excessiva, empenho desmesurado, frustração…
Vivendo nesta sociedade, sujeitos às suas influências, mais ou menos sub-reptícias, os crentes precisam de revisitar e deixar-se influenciar de contínuo pelos valores bíblicos, os valores vividos e deixados com toda a autoridade por Jesus Cristo. Aquele que, sendo Deus, se esvaziou, tornou-se homem e, achado na forma de homem, se humilhou a si mesmo até à morte e morte de cruz (Fil 2:6 a 8), dando a sua vida para salvar a humanidade de toda a sua iniquidade (Tito 2:14).
Conscientes do destino dos nossos semelhantes, afastados de Deus e eternamente perdidos (IITes 1:9), não sejamos indiferentes, antes tenhamos por eles o mesmo sentimento de amor de Jesus, que também acometia intensamente Paulo (Rm 9:2ss), e anunciemos a salvação, como é nosso dever (I Cor 9:16). Cooperemos na obra ordenada por Deus, diretamente, agindo de forma divinamente atrativa e comunicando o evangelho, ou indiretamente, suportando das mais diversas formas (em oração e financeiramente) aqueles que o anunciam (Rm10:13 a 15).
António Manuel
(Coordenador do DM)